sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

O que realmente importa

Há algum tempo sem retratar os meus devaneios e transportá-los para as palavras, retorno aos meus instintos primeiros e remonto minha janela de pensamentos nessas linhas do meu cotidiano. Com a distância que se seguiu, atrelada às diversas e usuais escusas, percorro entre compromissos, obrigatórios ou não, que me tornam a cada dia que segue, refém de um evento que todos buscam fugir: a famosa e constante rotina.

Tal rotina acaba por nos desvencilhar de nossas aspirações e por vezes até nos faz esquecer aquilo que sonhamos e nos dá prazer. E embebido em atividades metodicamente organizadas, somos vencidos pelo cansaço e não buscamos sequer algo novo, que nos livre dessa sentença.

O mundo nos impõe diversos padrões, várias ordens a obedecer. Seja bem sucedido, trabalhe, ganhe dinheiro, consuma excessivamente, conquiste um amor, festeje sempre, não se estresse, viva a vida! São tantas regras que cumprimos, inúmeras filosofias banais a seguir que esquecemos o que realmente nos realiza.

Vislumbrando a vida dos mais experientes, percebemos que tudo pelo qual batalhamos, não é o primordial. Porque somos seduzidos de uma forma, em meio à busca pelo que "devemos ter e ser", invertemos os pólos de prioridades. A finalidade dos sonhos se torna secundária e abre espaço aos meios. Focamos nossa vida numa maneira de conquistar tudo quanto podemos abraçar e nos esquecemos do porquê iniciamos a jornada à procura de realizações.

Frequentemente, me deparo com pessoas frustradas, pois não tiveram êxito em tarefas supérfulas. A cobrança excessiva gera o desgaste desnecessário. Nos privamos de viver o que deveríamos tornar nosso hábito para a posteridade. O que realmente importa, é a cada dia mais raro e se esvai nos padrões da sociedade para nos cegar. A cegueira do sucesso, da realização profissional, da soberba. O valor que atribuímos a matéria é tamanho que as pessoas se tornam vis. E assim, usamos pessoas e valorizamos coisas. Quando na verdade a felicidade nos ensina a valorizar pessoas e a usar as coisas.

Há muito comércio e pouco amor. Não retrato apenas o amor sentimento. Refiro-me ao amor atitude. Aquele que se importa com o outro, aquele que nos torna capaz de ajudar, de ser feliz com... E eu, envolto em minhas aspirações mundanas acabei por afastar meus desejos que me aproximam do Criador. Muita razão, pouco coração. 

E com isso, em meio a tanta ceticidade, sentimos carência de emoção, de fé. Do que realmente importa, dos momentos de amor, de amizade, de pessoas boas e simples gestos de felicidade. E saudosos nos transformamos em nostálgicos no presente. Retornamos os pensamentos e por rememorar o que foi bom, percebemos que estamos a trilhar um caminho. E não há felicidade apenas no fim, pois no final sempre acaba algo. A felicidade está no trajeto, nas boas companhias que nos acompanham e também nos sentimentos que dividimos. 

Ser feliz vai muito além do "buscar algo bom". Ser feliz é viver e dividir algo extraordinário. Por sorte, redescobri quando ainda existe tempo. A razão me lembrou de não esquecer o coração. E ao ouvir o coração, lembrei de às vezes esquecer a razão. 




segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Meu balanço pessoal

A certo fio, todo final de ano caímos em ares de nostalgia rememorando acontecimentos cotidianos ou nem tanto assim, na busca do cotejo entre o que sonhamos e o que realizamos, para renovarmos nossos planos que não se concretizaram e abstrair aquilo que tivemos êxito.
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Tal qual manda o figurino, explanei meus pensamentos debruçados sobre a mesa da racionalidade e projetei o balanço das minhas realizações. De certo, no exato momento em que mais necessitamos relembrar fatos ordenados e bem encadeados para alinhar nosso ano, somos traídos pela própria memória que insiste em trazer à tona, somente a primeira página do jornal de nossa vida.
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Perdido em pensamentos que levam somente a um caminho, quase não consigo enveredar-me por meu passado para analisar êxitos e fracassos, deslises e acertos, que confirmam ou colocam à prova meu caráter, princípios, crenças e sonhos. Remontado aos acontecimentos, tudo o que consigo tangibilizar são questionamentos, perguntas que encontram ou não respostas dentre minha realidade em 2011.
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Consegui fazer tudo o que eu queria? Realizei meus projetos profissionais? Melhorei meu jeito de tratar as pessoas? Fui educado sempre? Fui uma boa pessoa? Tantos questionamentos que se assemelham mais a um exame de consciência do que um balanço pessoal. Mas a derradeira pergunta, que trilhou e norteia meus caminhos de nada trata do meu 'eu'. A razão pela qual empreendi a tarefa de rememorar meus fatos é somente poder visualizar novamente o ápice do meu ano. E felizmente, nessa hora, não busco apenas o meu passado. Busco dois destinos que se encontravam em dois caminhos distintos e que a partir de agora trilham o mesmo norte.
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Por mais que me esforce, não consigo parear minhas conquistas ao presente que recebi em meados do último trimestre desse ano. Porque tudo o que possui o pronome singular deu lugar ao plural. E foi a partir dali, que tudo ganhou mais cor, mas também mais responsabilidade, ganhou mais preocupações, mas também mais felicidade. Passei a ver meu futuro não apenas com os olhos. No meu futuro agora caminha junto ao sonhos, meu coração.
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Em um piscar de olhos, em pouquíssimo tempo, fui capaz de reavaliar algumas prioridades, traçar novas metas. Ou seria antigas metas? Ao bem da verdade, as metas nunca mudaram, mudou somente o prazo para alcançá-las. Tudo agora é mais rápido, porque minha vida está mais veloz. Porque agora não penso sozinho, portanto não pode minha vontade prevalecer em tudo, ceder é o verbo que pouco a pouco vou aprendendo a conjugar.
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Revejo meus planos, reinverto as prioridades e compatibilizo com minha realidade. Porque por mais que vc tente ser dono do seu destino, ele nunca te pertencerá. A providência de Deus sempre recai sobre nós e não há um modo de evitá-la. Então, não trace projetos imutáveis e absolutos. Trace projetos adaptáveis, que possam sempre ser otimizados, pois quando você menos esperar, terá que dividí-los ao meio para compartilhar de outros sonhos.
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Então, como resultado final do meu ano, considero que meu ano não poderia ser melhor. Errei quando ainda podia errar, acertei quando pude acertar, e pensando bem, não há erros que não consiga corrigí-los no próximo ano. Porque sempre podemos viver melhor que no passado. Afinal de contas, sonhar, não é nada mais que planejar o futuro.
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Por isso, nunca diga que seu melhor ano, dia, ou mês foi aquele que passou. Porque assim você nunca terá oportunidade de ser mais feliz do que é. Não tente entender seu futuro, seus olhos não são iguais aos D'Ele. Basta então ter a certeza de que os projetos que Ele tem para nós são infinitamente melhores do que os nossos próprios. Só não entendemos ainda porque não existe a possibilidade de entender o futuro no tempo presente.
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E finalizo com um trecho da música do ilustre Tom Jobim, Wave:
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Vou te contar
Os olhos já não podem ver
Coisas que só o coração pode entender
Fundamental é mesmo o amor
É impossível ser feliz sozinho...
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Desejo um ótimo restinho de ano e um ano novo cada dia melhor...

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Aconteceu...

Bastou um olhar, e pronto. O encanto surgiu acompanhado de um leve comentário com o amigo ao lado, no intento de registrar a admiração pela beleza que ambos haviam contemplado. O local tornou-se secundário, o nobre motivo pelo qual estava ali foi momentaneamente esquecido. De fato, não existe amor à primeira vista. Ainda assim, atração à primeira vista com certeza ocorreu. Não de forma mútua, mas pouco importou nesse momento.

Não se tratava de um baile de gala, churrasco, tampouco de um evento onde pessoas se encontram para paquerar. Não, não era a ocasião perfeita para um encontro. Mas em qual outro local poderia encontrá-la? O cupido por vezes nos prega peças. Ambientes inoportunos são sua especialidade. E quando menos esperamos, quando menos procuramos, dois mundos não tão distintos, entretanto bem distantes, são colocados sob a mesma atmosfera.

Após uma tarde inteira juntos no mesmo local, no entanto separados por tarefas, tendo em harmonia naquele momento, apenas o serviço à Deus, nos despedimos com a habitual frase: Prazer em conhecer. Só não imaginaríamos que o prazer em nos conhecermos estaria realmente presente. Por hora, restou apenas a lembrança.

Nos tempos atuais, somos beneficiados por um grande e rápido meio de comunicação denominado internet. As redes sociais também servem como aproximador de pessoas. É exatamente nesse momento que distâncias são minoradas e amizades longínquas tornam-se vizinhos de 'cliques'. E na mesma proporção da velocidade de informações trocadas, são descobertas afinidades, planos, sonhos, ideais e sentimentos.

Após dias conversando, é como se nos conhecêssemos a anos. O carinho aumenta gradativamente e o desejo de nos encontrarmos era quase uma necessidade física. Em um piscar de olhos, nos interessamos mais por tudo que nos levava a lembrar um ao outro. O dia ganhou mais cor, os bons pensamentos se tornaram mais frequentes, e a curiosidade só não foi maior que a expectativa.

Porém, havia algo diferente nisso tudo. Nada era como das outras vezes. Pois o primeiro contato não foi feito através de olhares e sim de palavras. O desejo antecedeu o beijo. O sonho antecedeu o toque. E assim, fomos nos conhecendo de uma forma distinta. Conhecendo o caráter antes do corpo. Afinal de contas, como todo romântico que se preza, para conquistar é preciso cortejar. Ao bem da verdade, acredito que os relacionamentos, se começassem através de uma boa e verdadeira conversa antes de contatos corporais, teriam mais chances de serem eternos.

Exatamente porque a revelação dos planos, dos princípios, a verdade, se dita antes de relacionar-se acaba por tornar tudo mais limpo. A confiança aumenta, pois antes do encontro traçaram-se os objetivos. E assim, não corremos o risco de sairmos iludidos. Se revelarmos verdadeiramente nossos sonhos e projetos, não cabe a alegação do engano ao final de tudo. Acertar os pontos antes mesmo do beijo, como feito em tempos remotos, nos leva a crer que não sacrificaremos algo que acreditamos por conta de um desejo carnal. Pelo motivo de nos envolvemos primeiro em sentimentos, para depois supor que exista a tal química.

E aquilo pelo qual defendo, pelo qual costumo dar créditos em meus textos, aconteceu. E dessa vez, foi exatamente da maneira que esperava. Fui surpreendido apenas no quesito do tempo, pois não imaginaria que seria nesse momento. Por sorte, estava preparado. Por estar preparado agi maneira que julgo certa. Por ser fiel ao que acredito, encontrei alguém pra dividir meus sonhos. E por encontrar alguém assim, estou sendo feliz.


terça-feira, 4 de outubro de 2011

Beleza é subjetiva, sempre.

Há algum tempo, reflito sobre uma questão que ao bem da verdade, quase a totalidade das pessoas negam. Afinal de contas, o conceito de beleza é pessoal ou é estabelecido por um padrão? Mídia, moda, comércio, estética, marketing, preconceito, todos estão intimamente ligados e dispostos à nossa realidade, como uma salada montada em uma travessa, à espera de ser digerida.

Fatalmente as pessoas acabam mordendo a isca e, o ocorrido acaba por chancelar a influência sobre os padrões de beleza existentes nesse Século da sustentabilidade, onde o importante é sempre a embalagem e jamais o conteúdo. Puro comércio.

Não me interpretem mal, longe de mim desrespeitar opiniões. Procuro apenas tecer a minha. E mais longe ainda ofender mulheres, que são o clímax de todos meus textos. Na verdade, visualizo apenas vítimas nesse enredo, onde o culpado é oculto. As pessoas realmente se deixam levar pelo que veem fixar a mídia. Use essa marca, não tenha cabelo desse modo, seja magra, use essa maquilagem e por esta vereda de imperativos, poderia citar infinitas linhas de padrões.

O próprio significado de beleza o norteia para sua feminilidade: Beleza. 1. Perfeição agradável à vista, e que cativa o espírito. 2. Mulher formosa.Curioso, não? Se pensarmos bem, mulher formosa e beleza são sinônimos. Contudo, equiparar as palavras, acaba por nos confundir mais. Por sorte, recorremos ao primeiro significado. Um mulher formosa é exatamente aquela que agrada nossa vista e cativa nosso espírito! Costumo dizer que meu conceito de beleza abrange vários aspectos, sobretudo femininos. De antemão, alerto que minha óptica é sim influenciada por padrões da sociedade, hipocrisia não é meu terreno. Contudo, procuro visualizar a beleza sobre diversas nuances, pois ela já nasce complexa.

Por tal natureza então, o conceito de beleza o tornará inevitavelmente subjetiva. Pois ela se exprime mais aos olhos de quem vê, dos que a julgam correta ou errônea. Não há possibilidade de censura ao critério do belo, tal ato seria passível de morte. Pois não existe subjeção ao subjetivo. Ela pode existir, coexistir ou nenhum desses, a depender do vidente. Generalizando a beleza, nada restaria aos que não se encaixam em seus quadros.

Mas tornando a afirmar, beleza é aquilo que cativa o espírito. Existem mulheres de belas curvas e traços? Sim, existem. Todavia, o fato dessa beleza existir, jamais anulará outros tipos de beleza e jamais irá referendá-la. Porque padrões são mutáveis. Pra efeito de registro, na época do Renascentismo (séc. XV e XVI), cultuavam-se como belíssimas, as mulheres que hoje são consideradas 'cheinhas' para a sociedade. E como poderíamos conceituar algo que se modifica? A beleza não corresponde a um modelo, e sim a vários modelos. Basta encontrar o seu.

Costumam dizer que o amor é cego. Colocação de infelicidade tamanha. O amor jamais seria cego, pois vislumbra a alma. O amor encontra o espírito e o cativa. O amor transcende modelos, padrões ou métodos. Perfura camadas e atinge justamente o que de mais belo temos - o coração. Tolo é aquele que busca amor baseado em referências. Jamais o encontrará, e viverá perdidamente enganado sobre o que é belo, pois seu conceito rapidamente se transformará, à medida que sua influencialidade se perfaz.

Se você considera alguém belo e ele se encaixa nos padrões de beleza atuais, não há problema algum nisso. A falha reside em considerá-lo belo apenas por se adequar neste modelo. Todos somos influenciados pela sociedade. É algo inevitável. Contudo, o que te diferenciará da massa é exatamente a capacidade discernir sobre o que realmente deve ser analisado e o que deve ser absorvido.

Absorva somente o que é bom, rejeite o preconceito. Considere perspectivas, visualize todos as faces, conclua baseado em suas experiências subjetivas. Porque afinal, beleza é subjetiva. Sempre.


Texto postado, como colaboração, também no blog da Lanier, como já havia dito: http://meiocancaomeiopoesia.blogspot.com/


quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Idealismo caro

Basta um olhar, uma pequena fresta de luz transpassada à nossa retina e pronto. O caminho trilhou-se. Em fração de milésimos, em velocidade ultra célere, nos perdemos entre o real e o imaginário. Confesso que sofro de um mal. Àquele mal dos românticos que acaba por nos tornar débeis e inofensivos diante das situações mais rotineiras da vida: o idealismo amoroso.

É preciso apenas uma pessoa nova em nossas habituais e singelas conversas para nos fazer despertar um desejo veemente de projetar uma companheira em potencial. Aquele encontro casual do final de semana, a novata do 3º andar, ou ainda a irmã do seu amigo do futebol, de repente se transformou na escolhida de nossa felicidade. E a cada sinal que enxergamos mesmo sem existência, a cada sorriso dado com aquela ponta de delicadeza, aquele toque de mão ou toque de olhares, termina por fadar-nos aos sonhos futuros.

A rotina é saracoteada, o clímax do dia é ficar sozinho, onde, perdido em pensamentos, o ideal se torna por mais oportunos que sejam, um singelo toque da realidade que se aproxima. Nessa era digital, em questão de minutos, passamos a ser mais íntimos possíveis, em conversas derradeiras daqueles últimos dias. Ou seriam anos? Porque pelas projeções que fazemos, é como se a conhecesse de outros encontros. O encaixe perfeito, nos traz a impressão de que não foi coincidência o universo nos ligar, afinal de contas já tínhamos contatos em nossas aspirações românticas, restando somente concretizar o encontro.

E num compasso desregrado, modificamos nosso humor, encontramos mais cor no dia, mais expectativas no futuro e tudo ao nosso redor conspira a favor. Os casais que encontramos, a música que ela gosta e toca justamente quando passamos próximo a um rádio e por fim, estamos insana e naturalmente contagiados pela flecha do cupido.

As filas em bancos são divertidas, o engarrafamento é sedutor, tudo para que possamos desfrutar de nossas ideias vãs e dóceis. Tudo é perfeito, tudo é como sonhamos. Afinal, é no sonho que nos encontramos. Mas um leve detalhe, apenas um detalhe torna interplanetária a distância entre o ideal e o real. O fato de projetarmos tudo isso a partir de deduções subjetivas.

Nessa hora somos pegos nas trincheiras, arrebatados pela razão e a emoção se esvai de forma pueril e utópica. As certeza outrora denotadas, dão lugar aos questionamentos agora imantados de temores ressentidos. É... fomos longe demais, cedo demais, planejamos demais, ou viajamos demais? Assim, descartamos todos os projetos, e ao modificarmos nossa postura, pois de um momento para o outro, o príncipe que nos tornamos em segundos, dá lugar ao sapo que convivemos habitualmente.

E quando o pessimismo nos assola, quando nossa realidade é extirpada pela solidão que nos acompanha, basta apenas ser surpreendidos por novos sinais, para a turbina dos sonhos ser reativada e retomarmos nossos planos de felicidade ao lado dela.

Mas será que é isso mesmo? Será que não estou confundindo? Não seria demais esses planos? Agora não tem como saber, pois novamente, já estou mergulhado nos sonhos.





quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O que nos move.

Texto que postei como colaborador no blog da Lanier: http://meiocancaomeiopoesia.blogspot.com/ Vale a pena conferir o blog.


Certamente, você já se pegou a questionar-se na vã tentativa de obter respostas para resolver boa parte de suas angústias. Naturalmente, somos levados a imaginar e projetar nossa vida para algo sempre mais satisfatório do que vivemos no atual momento. Seja financeiramente ou amorosamente, nos negócios ou nas relações pessoais, sempre padecemos na realidade e o hoje é sempre aquém de nossas expectativas.

De fato, a ânsia de progresso é inerente à nossa condição humana. Isso não é e nunca será um problema. Não há nada de reprovável nisso. A falha decorre justamente da visão distorcida daquilo que consideramos progredir. Se não estamos progredindo, há algo errado. Primeiramente, é preciso sabermos: O que nos move?

O que nos move fazer novas coisas, a conquistar novos horizontes, a progredir em seus projetos? O que nos motiva a acordar todos os dias, em meio à rotina que nos cerca e tentar fazer algo que realmente valha a pena? Conquistar alguém? Ter sucesso financeiro e profissional? Ser feliz? Amar e ser amado? O que nos move?

Inúmeras vontades nos circundam, nos abraçam, nos exprimem. No entanto, será mesmo que nossas aspirações de conseguir um cargo novo, ou até um emprego são capazes de coexistir com a realidade? Será que nossos desejos de conhecer alguém especial, quando analisados sob a perspectiva das probabilidades, realmente podem dar certo? O que realmente é plausível de sucesso? Quais nossas atitudes em relação aos desejos? O que costumamos fazer com nossos sonhos?

Diuturnamente somos levados a crer que uma pessoa sem sonhos, é uma pessoa sem vida. Mas olhe ao seu redor? Quantas pessoas você conhece que viva de sonhos? ... Ninguém, absolutamente ninguém vive de sonhos. Nem o dono da padaria vive de sonhos, ora! Rs. E longe de mim descuidar-me dos sonhos ou desacreditá-los sobre seus desejos. O problema, como disse anteriormente, reside na perspectiva que você vê os sonhos. Pois nem mesmo o dicionário acredita nos sonhos. Duvida? Veja isso: "2. [Figurado] Utopia; imaginação sem fundamento; fantasia; devaneio; ilusão; felicidade; que dura pouco; esperanças vãs;ideias quiméricas".

Agora me diga realmente, quais dessas definições comunicam à realidade? É concebível então viver de sonhos? Não! Porque sonhos não são reais. Uma vez que vivamos apenas de sonhos, eles jamais se tornarão realidade. Os sonhos necessitam ser externados, transformados em realidade! Deixe de pensar em como poderá ser, e faça tudo ser perfeitamente do jeito que você anseia! Saber diferenciar entre: viver de sonhos e viver os sonhos, é o segredo da felicidade de milhares de pessoas.

Existe um provérbio que define o conceito de insanidade como fazer as mesmas coisas e esperar sempre resultados diferentes. Somos completamente transtornados de acreditar que só sonhar é o suficiente! Não quer dizer que não possamos sonhar, os sonhos devem e precisam existir. Mas eles foram criados para serem vividos enquanto descansamos. Pois quando estivermos acordados e dispostos, chega a hora de começar a realizá-los. Você sonha? Ótimo! Mas como você se empenha para realizá-los? Ou será que ainda está descansando e sonhando acordado?

Quando buscamos realizar nossos desejos, quando os projetamos para o mundo externo, eles começam a tomar forma. Quando eu decido trabalhar melhor para conquistar uma promoção, ou estudar para ter mais qualificação, eu coloco em prática aquilo que sonhei. Quando eu deixo de sonhar com a pessoa amada e passo a tentar conquistá-la, estou transformando meus projetos em sonhos.

Os sonhos foram feitos para serem alcançados. Contudo, só alcançamos aquilo que é real. Implica dizer que para alcançarmos, devem deixar de ser sonhos. É como todos os processos naturais da vida. Sonhar, é apenas uma fase do processo. É a gestação da felicidade, é a fase embrionária da realização. Ninguém e nada existe sem ser gerado, assim como não é possível alcançar as fases prontas e acabadas, sem concluirmos etapas.

Portanto, novamente somos questionados: O que nos move? Pelo que acordamos todos os dias e tentamos fazer algo diferente? É a busca dos sonhos? Ou é a busca da realidade?


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Ensaios para o amor

Ora ou outra me deparo com meus incansáveis ensaios de romance para minha vida a dois. Me desdobro em caprichos que nem mesmo eu ao certo conseguiria identificar como sendo exatas atitudes originais. Tudo isso porque tomo de assalto todos os galanteios, todos os bons gestos, todas as provas de amor impensadas, todas as ligações apaixonadas, todas as nuances que me são apresentadas a cada instante da vida que me cerca.

De fato, consigo me vislumbrar em todos os atos que um homem romântico pode oferecer à sua amada. Mas qual a verdade sobre esses atos? Isso é mesmo reflexo do amor? Mas o que sabemos sobre o amor? Em alguns casos, (no meu particularmente), há tamanha confusão sobre o amor que sequer possuímos pessoa certa e determinada para amar. Mas como visualizar a totalidade dessa equação sem ao menos personificar a destinatária de nossos sentimentos mais nobres? Nessa hora sobrestemos em parte esses devaneios e busquemos então figurar um retrato de nossas vênus, para que nossas ações ensaiadas tenham sentido e endereçamento fiel.

Amizades antigas, recentes, futuras. Pessoas próximas, conhecidas, e na maioria das vezes, acabamos por não encontrar rosto algum ante inúmeras faces femininas. E é justamente por este motivo que continuamos a ilustrar as conjecturas de uma realidade amorosa. O fato que nos leva a elucidar uma companheira é simplesmente pela sensação de novidade o amor poderia nos proporcionar. Porém somos tão apaixonados que acabamos por nos perder em fulguras do amor. Pois embora românticos manifesto e ratificados, concorremos ao insucesso do amor tanto quanto qualquer outro mortal.

Deve ser então esta a razão de recorrermos ao subconsciente. Fazendo cotejo à uma guerra, vivemos à espreita do amor, na tentativa de executar a maior das emboscadas que nos faça realmente senti-lo. Mas o amor é ardil, escapa pelos flancos, desalinha-se em temores racionais e feridas passadas nos persuadindo novamente à ficarmos na retaguarda. O medo do fracasso assombra com tal veemência que acabamos por nos retrair só de cogitar a possibilidade de inexistirmos em meio ao amor. Nessa hora nos refugiamos em sonhos ou, em meu caso, descarrego em palavras, inúmeros ensaios para o amor, pela simples razão de não encontrar dificuldades ou batalhas nesse campo.

Pois aqui o amor é aliado, selou seu tratado de paz e juntos construímos uma nova oportunidade. Aqui reina a cumplicidade de tal maneira que muitas vezes se torna irrealizável a tarefa de distinguir-nos. Ora o amor fala por mim, ora eu represento o amor. Percebo que sorrateiramente ele acaba por me acabrunhar e deixar-me aos seus pés sem que ao menos perceba. Nesse caso, e após embriagar-me de suas facetas, sou levado a dar fé que o único inimigo que possuo contra o amor é exatamente minha pessoa. A simples falácia de declarar-me inocente cai por terra e a racionalidade e meu passado declaram-se como as maiores arma que detenho.

Em meio à desordem dessa derradeira luta amorosa, o campo de batalha é sempre o interior. Mas para obter sucesso em nossa empreitada, precisamos nos convencer que o amor é nosso confederado. Que os temores passados, nossa racionalização de sentimentos, nossa precaução demasiada e nossa desconfiança ressentida precisam ser neutralizadas. Executando isso, nada mais nos cabe, pois o amor toma a dianteira e sua infantaria, carregada de impulsos e paixão, é capaz de nos tornar vitoriosos.

E, voltando a ensaiar: vencida guerra, obtemos a melhor parte, tida como o clímax de todos os planos, o auge dos sonhos, que nada mais é que a conquista do objetivo. A finalidade da luta de nossas esquadrias. Aquele triunfo pelo qual se desdobrou toda a batalha. O motivo pelo qual passamos a ensaiar boa parte de nossas vidas. Ou, melhor definindo - a conquista do coração de alguém que nos faça sentir amados.