quarta-feira, 21 de julho de 2010

Dia do amigo...




Poeminha de mlk. Fiz na oitvava série do ensino fundamental.

Feliz dia do Amigo a vocês que são meus.

Amigo

Um amigo só escuta

O que o outro vai dizer

Um amigo se preocupa

Só em dar e não receber

Dar o ombro amigo

Para o amigo desabafar

Um amigo está contigo

Para tudo o que precisar

Um amigo não se importa

Em abrir o coração

Pra falar da sua vida

Ou até de uma paixão

Uma paixão de amigos

Um amor inesperado

A garota de olhos lindos

Por quem está apaixonado

Preocupado em ajudar

Ajudar de coração

Sem pedir nada em troca

Um amigo é mais que irmão

Renato Fontes de Freitas

07/09/2002

terça-feira, 20 de julho de 2010

A razão da minha mudança.


Nos som, o vôo anunciado. A voz embargando. Um abraço apertado e as mãos suando. A deixei ir. Não disse nada.

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A conheci no segundo ano do ensino médio. Garota séria, poucas palavras e muita dedicação. Morava com as irmãs, um grande futuro pela frente. Cabelos longos, beleza diferente. Não faria o tipo da maioria, porém nunca seria a última da classe.

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Eu, o popular da sala. Não me importava com os outros e tampouco com minha reputação. Meu lema era ser notado, agradando a alguns, desagradando a outros. Mas no geral sempre era o centro das atenções. Boas notas, péssimo comportamento. Bons amigos, péssimas admiradoras. Garotas bonitas rodeando, aquela fama de garanhão, pobre de mim. Mal saberia em poucos anos que não gostaria de levar este título.

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Um dia, no terceiro ano, um trabalho de dupla nos uniu. Ela, como sempre abarrotada de livros, chegando atrasada. Eu, sentado no fundo da sala, sem querer fazer a tarefa, esperava a hora de escapar da aula. – Ali garota, sente-se ali, pois o último rapazinho está sem dupla.

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Um bom dia acompanhado da feição de desprezo foi o que ganhei. Não me importava com ela, e sinceramente jamais falaria com ela. Mas por quê? Porque ela me odiava tanto? – Você não precisa fazer o trabalho, eu faço e coloco nossos nomes – disse ela. E se virou para o lado começando a fazer a atividade. Não disse uma só palavra. Um turbilhão de emoções e questionamentos me vieram a cabeça. Quem ela pensa que é? Eu não pedi pra fazer o trabalho com ela! – hunf, eu posso muito bem fazer esse trabalho!

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Me virei para o lado e fiz o trabalho mais rápido que ela. Coloquei apenas seu nome e lhe entreguei a folha. – Aqui está não preciso que me odeie tanto! Nunca te fiz mal, se não quisesse sentar ao meu lado era só falar e eu me retirava. – Eu não te odeio – completou – apenas sinto pena de garotos como você!

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Como assim? Pena? Quem seria essa pessoa que sente pena de mim? Voltei a me sentar e comecei a conversar com essa garota. Passei a manhã toda descobrindo o que as pessoas viam em mim e o que pensavam de mim. Nossa, senti inveja dela, pois bom mesmo era não ser notado como ela era. Ouvia tudo, ninguém falava dela, mas pelo menos ninguém a odiava.

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Voltei pra casa e passei a noite pensando. – Como pude agir desta forma? Como pude ser tão imaturo, quando realmente eu gostaria de alguém que me entendesse? Ela entendeu. No dia seguinte sentei ao lado dela, e ela prontamente me recebeu com outro bom dia, e perguntou porque eu estaria ali. Respondi que aquele rapaz que ela via não era eu e que ela não me conhecia pra pensar esses absurdos. Eu estava disposto a fazê-la mudar de opinião a meu respeito.

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E mudei. A cada dia que passava, virávamos confidentes. Eu contava meus sonhos, meus planos, como tinha pena da juventude atual e que esse era o motivo de me distanciar das pessoas em relacionamentos. Ela me mostrou um outro mundo. Da confiança, da amizade, sentia vontade de contar tudo pra ela. Meus amores, meus receios, as pessoas que gostava. Porém ela me contava apenas dos sonhos, planos, da profissão que buscaria, mas nunca dos amores. Nunca havia encontrado um amor.

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O tempo passou, veio a faculdade e nossa amizade se fortaleceu. Aquele babaca do ensino médio deu lugar a um garoto dedicado, atencioso e preocupado com as pessoas. Conheceu novas experiências e viu que de fato existem pessoas pelas quais se vale a pena lutar. Ela, como sempre continuou em minha vida. Fazia parte do meu cotidiano, uma semana sem ela parecia uma eternidade. O sentimento era amizade, mas havia atração... de minha parte.

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Na metade do curso a escolhi como melhor amiga, logo quando comecei a namorar. Eu, todo animado, ela meio distante, mas ainda sim me ouvia. Conselhos seguros, desejando minha felicidade e eu sempre preocupado em falar muito, ouvir pouco. O tempo passou e meu relacionamento veio ao fim como uma tempestade de decepções.

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Fechei meu coração, sofri bastante e ela se distanciou mais ainda. Fui até sua casa e perguntei o porquê da frieza e ela apenas marejou os olhos e saiu. Continuei perguntando e daí pude perceber as malas feitas, a casa arrumada, as mensagens de “boa viagem” e “vamos sentir saudades”. Sim, ela estava indo embora. Mas como? Por quê? Não estaria tudo perfeito aqui?

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Peguei sua mala e disse que a levaria até o aeroporto. Ela seguiu no caminho, me olhando fixamente como se quisesse dizer algo. Nada dizia. Chegamos ao aeroporto e ela colocou seu celular em minha jaqueta me pedindo pra segurar. Eu atordoado, sem entender nada apenas fazia suas vontades. Fizemos check in e fomos nos sentar pra esperar o vôo. Não poderia ser verdade. Porque ela iria embora? Porque não me disse nada? – Claro, eu estava ocupado demais pra ouvi-la, falando sempre da minha vida.

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Nos vemos ainda? – perguntei. Só o destino saberá, disse ela.

Nos som, o vôo anunciado. A voz embargando. Um abraço apertado e as mãos suando. A deixei ir. Não disse nada. Apenas fitei o olhar eu seus olhos limpei a lágrima de seu rosto.

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Silêncio. Ela sumindo no corredor. Voltei a me sentar e uma nuvem de sentimentos me invadiu. Lembrei do celular em minha jaqueta e comecei a olhar. Sabia que não daria tempo para devolvê-lo. No fundo sentia que ali tinha algo que não havíamos dito.

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Quando olhei a mensagem percebi: “Você sempre me surpreendeu, quando sentia pena de você, me provou o contrário. Quando comecei a te conhecer, você me mostrou ser a melhor coisa que me aconteceu. Quando te amei, você me deixou ir.”

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Dor no peito. Era só o que sentia. Não percebi que de uma hora pra outra eu mesmo sentia pena de mim. Pois a pessoa quem me mostrou o que eu deveria ser, era exatamente a mesma pessoa por quem eu sempre quis mostrar meu melhor. Agora era tarde. Só me estou o celular e as lágrimas.

"Prá perceber que olhar só pra dentro é o maior desperdício. O teu amor pode estar do seu lado"

Jota quest.