quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Idealismo caro

Basta um olhar, uma pequena fresta de luz transpassada à nossa retina e pronto. O caminho trilhou-se. Em fração de milésimos, em velocidade ultra célere, nos perdemos entre o real e o imaginário. Confesso que sofro de um mal. Àquele mal dos românticos que acaba por nos tornar débeis e inofensivos diante das situações mais rotineiras da vida: o idealismo amoroso.

É preciso apenas uma pessoa nova em nossas habituais e singelas conversas para nos fazer despertar um desejo veemente de projetar uma companheira em potencial. Aquele encontro casual do final de semana, a novata do 3º andar, ou ainda a irmã do seu amigo do futebol, de repente se transformou na escolhida de nossa felicidade. E a cada sinal que enxergamos mesmo sem existência, a cada sorriso dado com aquela ponta de delicadeza, aquele toque de mão ou toque de olhares, termina por fadar-nos aos sonhos futuros.

A rotina é saracoteada, o clímax do dia é ficar sozinho, onde, perdido em pensamentos, o ideal se torna por mais oportunos que sejam, um singelo toque da realidade que se aproxima. Nessa era digital, em questão de minutos, passamos a ser mais íntimos possíveis, em conversas derradeiras daqueles últimos dias. Ou seriam anos? Porque pelas projeções que fazemos, é como se a conhecesse de outros encontros. O encaixe perfeito, nos traz a impressão de que não foi coincidência o universo nos ligar, afinal de contas já tínhamos contatos em nossas aspirações românticas, restando somente concretizar o encontro.

E num compasso desregrado, modificamos nosso humor, encontramos mais cor no dia, mais expectativas no futuro e tudo ao nosso redor conspira a favor. Os casais que encontramos, a música que ela gosta e toca justamente quando passamos próximo a um rádio e por fim, estamos insana e naturalmente contagiados pela flecha do cupido.

As filas em bancos são divertidas, o engarrafamento é sedutor, tudo para que possamos desfrutar de nossas ideias vãs e dóceis. Tudo é perfeito, tudo é como sonhamos. Afinal, é no sonho que nos encontramos. Mas um leve detalhe, apenas um detalhe torna interplanetária a distância entre o ideal e o real. O fato de projetarmos tudo isso a partir de deduções subjetivas.

Nessa hora somos pegos nas trincheiras, arrebatados pela razão e a emoção se esvai de forma pueril e utópica. As certeza outrora denotadas, dão lugar aos questionamentos agora imantados de temores ressentidos. É... fomos longe demais, cedo demais, planejamos demais, ou viajamos demais? Assim, descartamos todos os projetos, e ao modificarmos nossa postura, pois de um momento para o outro, o príncipe que nos tornamos em segundos, dá lugar ao sapo que convivemos habitualmente.

E quando o pessimismo nos assola, quando nossa realidade é extirpada pela solidão que nos acompanha, basta apenas ser surpreendidos por novos sinais, para a turbina dos sonhos ser reativada e retomarmos nossos planos de felicidade ao lado dela.

Mas será que é isso mesmo? Será que não estou confundindo? Não seria demais esses planos? Agora não tem como saber, pois novamente, já estou mergulhado nos sonhos.





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