segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Meu balanço pessoal

A certo fio, todo final de ano caímos em ares de nostalgia rememorando acontecimentos cotidianos ou nem tanto assim, na busca do cotejo entre o que sonhamos e o que realizamos, para renovarmos nossos planos que não se concretizaram e abstrair aquilo que tivemos êxito.
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Tal qual manda o figurino, explanei meus pensamentos debruçados sobre a mesa da racionalidade e projetei o balanço das minhas realizações. De certo, no exato momento em que mais necessitamos relembrar fatos ordenados e bem encadeados para alinhar nosso ano, somos traídos pela própria memória que insiste em trazer à tona, somente a primeira página do jornal de nossa vida.
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Perdido em pensamentos que levam somente a um caminho, quase não consigo enveredar-me por meu passado para analisar êxitos e fracassos, deslises e acertos, que confirmam ou colocam à prova meu caráter, princípios, crenças e sonhos. Remontado aos acontecimentos, tudo o que consigo tangibilizar são questionamentos, perguntas que encontram ou não respostas dentre minha realidade em 2011.
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Consegui fazer tudo o que eu queria? Realizei meus projetos profissionais? Melhorei meu jeito de tratar as pessoas? Fui educado sempre? Fui uma boa pessoa? Tantos questionamentos que se assemelham mais a um exame de consciência do que um balanço pessoal. Mas a derradeira pergunta, que trilhou e norteia meus caminhos de nada trata do meu 'eu'. A razão pela qual empreendi a tarefa de rememorar meus fatos é somente poder visualizar novamente o ápice do meu ano. E felizmente, nessa hora, não busco apenas o meu passado. Busco dois destinos que se encontravam em dois caminhos distintos e que a partir de agora trilham o mesmo norte.
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Por mais que me esforce, não consigo parear minhas conquistas ao presente que recebi em meados do último trimestre desse ano. Porque tudo o que possui o pronome singular deu lugar ao plural. E foi a partir dali, que tudo ganhou mais cor, mas também mais responsabilidade, ganhou mais preocupações, mas também mais felicidade. Passei a ver meu futuro não apenas com os olhos. No meu futuro agora caminha junto ao sonhos, meu coração.
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Em um piscar de olhos, em pouquíssimo tempo, fui capaz de reavaliar algumas prioridades, traçar novas metas. Ou seria antigas metas? Ao bem da verdade, as metas nunca mudaram, mudou somente o prazo para alcançá-las. Tudo agora é mais rápido, porque minha vida está mais veloz. Porque agora não penso sozinho, portanto não pode minha vontade prevalecer em tudo, ceder é o verbo que pouco a pouco vou aprendendo a conjugar.
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Revejo meus planos, reinverto as prioridades e compatibilizo com minha realidade. Porque por mais que vc tente ser dono do seu destino, ele nunca te pertencerá. A providência de Deus sempre recai sobre nós e não há um modo de evitá-la. Então, não trace projetos imutáveis e absolutos. Trace projetos adaptáveis, que possam sempre ser otimizados, pois quando você menos esperar, terá que dividí-los ao meio para compartilhar de outros sonhos.
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Então, como resultado final do meu ano, considero que meu ano não poderia ser melhor. Errei quando ainda podia errar, acertei quando pude acertar, e pensando bem, não há erros que não consiga corrigí-los no próximo ano. Porque sempre podemos viver melhor que no passado. Afinal de contas, sonhar, não é nada mais que planejar o futuro.
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Por isso, nunca diga que seu melhor ano, dia, ou mês foi aquele que passou. Porque assim você nunca terá oportunidade de ser mais feliz do que é. Não tente entender seu futuro, seus olhos não são iguais aos D'Ele. Basta então ter a certeza de que os projetos que Ele tem para nós são infinitamente melhores do que os nossos próprios. Só não entendemos ainda porque não existe a possibilidade de entender o futuro no tempo presente.
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E finalizo com um trecho da música do ilustre Tom Jobim, Wave:
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Vou te contar
Os olhos já não podem ver
Coisas que só o coração pode entender
Fundamental é mesmo o amor
É impossível ser feliz sozinho...
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Desejo um ótimo restinho de ano e um ano novo cada dia melhor...

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Aconteceu...

Bastou um olhar, e pronto. O encanto surgiu acompanhado de um leve comentário com o amigo ao lado, no intento de registrar a admiração pela beleza que ambos haviam contemplado. O local tornou-se secundário, o nobre motivo pelo qual estava ali foi momentaneamente esquecido. De fato, não existe amor à primeira vista. Ainda assim, atração à primeira vista com certeza ocorreu. Não de forma mútua, mas pouco importou nesse momento.

Não se tratava de um baile de gala, churrasco, tampouco de um evento onde pessoas se encontram para paquerar. Não, não era a ocasião perfeita para um encontro. Mas em qual outro local poderia encontrá-la? O cupido por vezes nos prega peças. Ambientes inoportunos são sua especialidade. E quando menos esperamos, quando menos procuramos, dois mundos não tão distintos, entretanto bem distantes, são colocados sob a mesma atmosfera.

Após uma tarde inteira juntos no mesmo local, no entanto separados por tarefas, tendo em harmonia naquele momento, apenas o serviço à Deus, nos despedimos com a habitual frase: Prazer em conhecer. Só não imaginaríamos que o prazer em nos conhecermos estaria realmente presente. Por hora, restou apenas a lembrança.

Nos tempos atuais, somos beneficiados por um grande e rápido meio de comunicação denominado internet. As redes sociais também servem como aproximador de pessoas. É exatamente nesse momento que distâncias são minoradas e amizades longínquas tornam-se vizinhos de 'cliques'. E na mesma proporção da velocidade de informações trocadas, são descobertas afinidades, planos, sonhos, ideais e sentimentos.

Após dias conversando, é como se nos conhecêssemos a anos. O carinho aumenta gradativamente e o desejo de nos encontrarmos era quase uma necessidade física. Em um piscar de olhos, nos interessamos mais por tudo que nos levava a lembrar um ao outro. O dia ganhou mais cor, os bons pensamentos se tornaram mais frequentes, e a curiosidade só não foi maior que a expectativa.

Porém, havia algo diferente nisso tudo. Nada era como das outras vezes. Pois o primeiro contato não foi feito através de olhares e sim de palavras. O desejo antecedeu o beijo. O sonho antecedeu o toque. E assim, fomos nos conhecendo de uma forma distinta. Conhecendo o caráter antes do corpo. Afinal de contas, como todo romântico que se preza, para conquistar é preciso cortejar. Ao bem da verdade, acredito que os relacionamentos, se começassem através de uma boa e verdadeira conversa antes de contatos corporais, teriam mais chances de serem eternos.

Exatamente porque a revelação dos planos, dos princípios, a verdade, se dita antes de relacionar-se acaba por tornar tudo mais limpo. A confiança aumenta, pois antes do encontro traçaram-se os objetivos. E assim, não corremos o risco de sairmos iludidos. Se revelarmos verdadeiramente nossos sonhos e projetos, não cabe a alegação do engano ao final de tudo. Acertar os pontos antes mesmo do beijo, como feito em tempos remotos, nos leva a crer que não sacrificaremos algo que acreditamos por conta de um desejo carnal. Pelo motivo de nos envolvemos primeiro em sentimentos, para depois supor que exista a tal química.

E aquilo pelo qual defendo, pelo qual costumo dar créditos em meus textos, aconteceu. E dessa vez, foi exatamente da maneira que esperava. Fui surpreendido apenas no quesito do tempo, pois não imaginaria que seria nesse momento. Por sorte, estava preparado. Por estar preparado agi maneira que julgo certa. Por ser fiel ao que acredito, encontrei alguém pra dividir meus sonhos. E por encontrar alguém assim, estou sendo feliz.


terça-feira, 4 de outubro de 2011

Beleza é subjetiva, sempre.

Há algum tempo, reflito sobre uma questão que ao bem da verdade, quase a totalidade das pessoas negam. Afinal de contas, o conceito de beleza é pessoal ou é estabelecido por um padrão? Mídia, moda, comércio, estética, marketing, preconceito, todos estão intimamente ligados e dispostos à nossa realidade, como uma salada montada em uma travessa, à espera de ser digerida.

Fatalmente as pessoas acabam mordendo a isca e, o ocorrido acaba por chancelar a influência sobre os padrões de beleza existentes nesse Século da sustentabilidade, onde o importante é sempre a embalagem e jamais o conteúdo. Puro comércio.

Não me interpretem mal, longe de mim desrespeitar opiniões. Procuro apenas tecer a minha. E mais longe ainda ofender mulheres, que são o clímax de todos meus textos. Na verdade, visualizo apenas vítimas nesse enredo, onde o culpado é oculto. As pessoas realmente se deixam levar pelo que veem fixar a mídia. Use essa marca, não tenha cabelo desse modo, seja magra, use essa maquilagem e por esta vereda de imperativos, poderia citar infinitas linhas de padrões.

O próprio significado de beleza o norteia para sua feminilidade: Beleza. 1. Perfeição agradável à vista, e que cativa o espírito. 2. Mulher formosa.Curioso, não? Se pensarmos bem, mulher formosa e beleza são sinônimos. Contudo, equiparar as palavras, acaba por nos confundir mais. Por sorte, recorremos ao primeiro significado. Um mulher formosa é exatamente aquela que agrada nossa vista e cativa nosso espírito! Costumo dizer que meu conceito de beleza abrange vários aspectos, sobretudo femininos. De antemão, alerto que minha óptica é sim influenciada por padrões da sociedade, hipocrisia não é meu terreno. Contudo, procuro visualizar a beleza sobre diversas nuances, pois ela já nasce complexa.

Por tal natureza então, o conceito de beleza o tornará inevitavelmente subjetiva. Pois ela se exprime mais aos olhos de quem vê, dos que a julgam correta ou errônea. Não há possibilidade de censura ao critério do belo, tal ato seria passível de morte. Pois não existe subjeção ao subjetivo. Ela pode existir, coexistir ou nenhum desses, a depender do vidente. Generalizando a beleza, nada restaria aos que não se encaixam em seus quadros.

Mas tornando a afirmar, beleza é aquilo que cativa o espírito. Existem mulheres de belas curvas e traços? Sim, existem. Todavia, o fato dessa beleza existir, jamais anulará outros tipos de beleza e jamais irá referendá-la. Porque padrões são mutáveis. Pra efeito de registro, na época do Renascentismo (séc. XV e XVI), cultuavam-se como belíssimas, as mulheres que hoje são consideradas 'cheinhas' para a sociedade. E como poderíamos conceituar algo que se modifica? A beleza não corresponde a um modelo, e sim a vários modelos. Basta encontrar o seu.

Costumam dizer que o amor é cego. Colocação de infelicidade tamanha. O amor jamais seria cego, pois vislumbra a alma. O amor encontra o espírito e o cativa. O amor transcende modelos, padrões ou métodos. Perfura camadas e atinge justamente o que de mais belo temos - o coração. Tolo é aquele que busca amor baseado em referências. Jamais o encontrará, e viverá perdidamente enganado sobre o que é belo, pois seu conceito rapidamente se transformará, à medida que sua influencialidade se perfaz.

Se você considera alguém belo e ele se encaixa nos padrões de beleza atuais, não há problema algum nisso. A falha reside em considerá-lo belo apenas por se adequar neste modelo. Todos somos influenciados pela sociedade. É algo inevitável. Contudo, o que te diferenciará da massa é exatamente a capacidade discernir sobre o que realmente deve ser analisado e o que deve ser absorvido.

Absorva somente o que é bom, rejeite o preconceito. Considere perspectivas, visualize todos as faces, conclua baseado em suas experiências subjetivas. Porque afinal, beleza é subjetiva. Sempre.


Texto postado, como colaboração, também no blog da Lanier, como já havia dito: http://meiocancaomeiopoesia.blogspot.com/


quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Idealismo caro

Basta um olhar, uma pequena fresta de luz transpassada à nossa retina e pronto. O caminho trilhou-se. Em fração de milésimos, em velocidade ultra célere, nos perdemos entre o real e o imaginário. Confesso que sofro de um mal. Àquele mal dos românticos que acaba por nos tornar débeis e inofensivos diante das situações mais rotineiras da vida: o idealismo amoroso.

É preciso apenas uma pessoa nova em nossas habituais e singelas conversas para nos fazer despertar um desejo veemente de projetar uma companheira em potencial. Aquele encontro casual do final de semana, a novata do 3º andar, ou ainda a irmã do seu amigo do futebol, de repente se transformou na escolhida de nossa felicidade. E a cada sinal que enxergamos mesmo sem existência, a cada sorriso dado com aquela ponta de delicadeza, aquele toque de mão ou toque de olhares, termina por fadar-nos aos sonhos futuros.

A rotina é saracoteada, o clímax do dia é ficar sozinho, onde, perdido em pensamentos, o ideal se torna por mais oportunos que sejam, um singelo toque da realidade que se aproxima. Nessa era digital, em questão de minutos, passamos a ser mais íntimos possíveis, em conversas derradeiras daqueles últimos dias. Ou seriam anos? Porque pelas projeções que fazemos, é como se a conhecesse de outros encontros. O encaixe perfeito, nos traz a impressão de que não foi coincidência o universo nos ligar, afinal de contas já tínhamos contatos em nossas aspirações românticas, restando somente concretizar o encontro.

E num compasso desregrado, modificamos nosso humor, encontramos mais cor no dia, mais expectativas no futuro e tudo ao nosso redor conspira a favor. Os casais que encontramos, a música que ela gosta e toca justamente quando passamos próximo a um rádio e por fim, estamos insana e naturalmente contagiados pela flecha do cupido.

As filas em bancos são divertidas, o engarrafamento é sedutor, tudo para que possamos desfrutar de nossas ideias vãs e dóceis. Tudo é perfeito, tudo é como sonhamos. Afinal, é no sonho que nos encontramos. Mas um leve detalhe, apenas um detalhe torna interplanetária a distância entre o ideal e o real. O fato de projetarmos tudo isso a partir de deduções subjetivas.

Nessa hora somos pegos nas trincheiras, arrebatados pela razão e a emoção se esvai de forma pueril e utópica. As certeza outrora denotadas, dão lugar aos questionamentos agora imantados de temores ressentidos. É... fomos longe demais, cedo demais, planejamos demais, ou viajamos demais? Assim, descartamos todos os projetos, e ao modificarmos nossa postura, pois de um momento para o outro, o príncipe que nos tornamos em segundos, dá lugar ao sapo que convivemos habitualmente.

E quando o pessimismo nos assola, quando nossa realidade é extirpada pela solidão que nos acompanha, basta apenas ser surpreendidos por novos sinais, para a turbina dos sonhos ser reativada e retomarmos nossos planos de felicidade ao lado dela.

Mas será que é isso mesmo? Será que não estou confundindo? Não seria demais esses planos? Agora não tem como saber, pois novamente, já estou mergulhado nos sonhos.





quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O que nos move.

Texto que postei como colaborador no blog da Lanier: http://meiocancaomeiopoesia.blogspot.com/ Vale a pena conferir o blog.


Certamente, você já se pegou a questionar-se na vã tentativa de obter respostas para resolver boa parte de suas angústias. Naturalmente, somos levados a imaginar e projetar nossa vida para algo sempre mais satisfatório do que vivemos no atual momento. Seja financeiramente ou amorosamente, nos negócios ou nas relações pessoais, sempre padecemos na realidade e o hoje é sempre aquém de nossas expectativas.

De fato, a ânsia de progresso é inerente à nossa condição humana. Isso não é e nunca será um problema. Não há nada de reprovável nisso. A falha decorre justamente da visão distorcida daquilo que consideramos progredir. Se não estamos progredindo, há algo errado. Primeiramente, é preciso sabermos: O que nos move?

O que nos move fazer novas coisas, a conquistar novos horizontes, a progredir em seus projetos? O que nos motiva a acordar todos os dias, em meio à rotina que nos cerca e tentar fazer algo que realmente valha a pena? Conquistar alguém? Ter sucesso financeiro e profissional? Ser feliz? Amar e ser amado? O que nos move?

Inúmeras vontades nos circundam, nos abraçam, nos exprimem. No entanto, será mesmo que nossas aspirações de conseguir um cargo novo, ou até um emprego são capazes de coexistir com a realidade? Será que nossos desejos de conhecer alguém especial, quando analisados sob a perspectiva das probabilidades, realmente podem dar certo? O que realmente é plausível de sucesso? Quais nossas atitudes em relação aos desejos? O que costumamos fazer com nossos sonhos?

Diuturnamente somos levados a crer que uma pessoa sem sonhos, é uma pessoa sem vida. Mas olhe ao seu redor? Quantas pessoas você conhece que viva de sonhos? ... Ninguém, absolutamente ninguém vive de sonhos. Nem o dono da padaria vive de sonhos, ora! Rs. E longe de mim descuidar-me dos sonhos ou desacreditá-los sobre seus desejos. O problema, como disse anteriormente, reside na perspectiva que você vê os sonhos. Pois nem mesmo o dicionário acredita nos sonhos. Duvida? Veja isso: "2. [Figurado] Utopia; imaginação sem fundamento; fantasia; devaneio; ilusão; felicidade; que dura pouco; esperanças vãs;ideias quiméricas".

Agora me diga realmente, quais dessas definições comunicam à realidade? É concebível então viver de sonhos? Não! Porque sonhos não são reais. Uma vez que vivamos apenas de sonhos, eles jamais se tornarão realidade. Os sonhos necessitam ser externados, transformados em realidade! Deixe de pensar em como poderá ser, e faça tudo ser perfeitamente do jeito que você anseia! Saber diferenciar entre: viver de sonhos e viver os sonhos, é o segredo da felicidade de milhares de pessoas.

Existe um provérbio que define o conceito de insanidade como fazer as mesmas coisas e esperar sempre resultados diferentes. Somos completamente transtornados de acreditar que só sonhar é o suficiente! Não quer dizer que não possamos sonhar, os sonhos devem e precisam existir. Mas eles foram criados para serem vividos enquanto descansamos. Pois quando estivermos acordados e dispostos, chega a hora de começar a realizá-los. Você sonha? Ótimo! Mas como você se empenha para realizá-los? Ou será que ainda está descansando e sonhando acordado?

Quando buscamos realizar nossos desejos, quando os projetamos para o mundo externo, eles começam a tomar forma. Quando eu decido trabalhar melhor para conquistar uma promoção, ou estudar para ter mais qualificação, eu coloco em prática aquilo que sonhei. Quando eu deixo de sonhar com a pessoa amada e passo a tentar conquistá-la, estou transformando meus projetos em sonhos.

Os sonhos foram feitos para serem alcançados. Contudo, só alcançamos aquilo que é real. Implica dizer que para alcançarmos, devem deixar de ser sonhos. É como todos os processos naturais da vida. Sonhar, é apenas uma fase do processo. É a gestação da felicidade, é a fase embrionária da realização. Ninguém e nada existe sem ser gerado, assim como não é possível alcançar as fases prontas e acabadas, sem concluirmos etapas.

Portanto, novamente somos questionados: O que nos move? Pelo que acordamos todos os dias e tentamos fazer algo diferente? É a busca dos sonhos? Ou é a busca da realidade?


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Ensaios para o amor

Ora ou outra me deparo com meus incansáveis ensaios de romance para minha vida a dois. Me desdobro em caprichos que nem mesmo eu ao certo conseguiria identificar como sendo exatas atitudes originais. Tudo isso porque tomo de assalto todos os galanteios, todos os bons gestos, todas as provas de amor impensadas, todas as ligações apaixonadas, todas as nuances que me são apresentadas a cada instante da vida que me cerca.

De fato, consigo me vislumbrar em todos os atos que um homem romântico pode oferecer à sua amada. Mas qual a verdade sobre esses atos? Isso é mesmo reflexo do amor? Mas o que sabemos sobre o amor? Em alguns casos, (no meu particularmente), há tamanha confusão sobre o amor que sequer possuímos pessoa certa e determinada para amar. Mas como visualizar a totalidade dessa equação sem ao menos personificar a destinatária de nossos sentimentos mais nobres? Nessa hora sobrestemos em parte esses devaneios e busquemos então figurar um retrato de nossas vênus, para que nossas ações ensaiadas tenham sentido e endereçamento fiel.

Amizades antigas, recentes, futuras. Pessoas próximas, conhecidas, e na maioria das vezes, acabamos por não encontrar rosto algum ante inúmeras faces femininas. E é justamente por este motivo que continuamos a ilustrar as conjecturas de uma realidade amorosa. O fato que nos leva a elucidar uma companheira é simplesmente pela sensação de novidade o amor poderia nos proporcionar. Porém somos tão apaixonados que acabamos por nos perder em fulguras do amor. Pois embora românticos manifesto e ratificados, concorremos ao insucesso do amor tanto quanto qualquer outro mortal.

Deve ser então esta a razão de recorrermos ao subconsciente. Fazendo cotejo à uma guerra, vivemos à espreita do amor, na tentativa de executar a maior das emboscadas que nos faça realmente senti-lo. Mas o amor é ardil, escapa pelos flancos, desalinha-se em temores racionais e feridas passadas nos persuadindo novamente à ficarmos na retaguarda. O medo do fracasso assombra com tal veemência que acabamos por nos retrair só de cogitar a possibilidade de inexistirmos em meio ao amor. Nessa hora nos refugiamos em sonhos ou, em meu caso, descarrego em palavras, inúmeros ensaios para o amor, pela simples razão de não encontrar dificuldades ou batalhas nesse campo.

Pois aqui o amor é aliado, selou seu tratado de paz e juntos construímos uma nova oportunidade. Aqui reina a cumplicidade de tal maneira que muitas vezes se torna irrealizável a tarefa de distinguir-nos. Ora o amor fala por mim, ora eu represento o amor. Percebo que sorrateiramente ele acaba por me acabrunhar e deixar-me aos seus pés sem que ao menos perceba. Nesse caso, e após embriagar-me de suas facetas, sou levado a dar fé que o único inimigo que possuo contra o amor é exatamente minha pessoa. A simples falácia de declarar-me inocente cai por terra e a racionalidade e meu passado declaram-se como as maiores arma que detenho.

Em meio à desordem dessa derradeira luta amorosa, o campo de batalha é sempre o interior. Mas para obter sucesso em nossa empreitada, precisamos nos convencer que o amor é nosso confederado. Que os temores passados, nossa racionalização de sentimentos, nossa precaução demasiada e nossa desconfiança ressentida precisam ser neutralizadas. Executando isso, nada mais nos cabe, pois o amor toma a dianteira e sua infantaria, carregada de impulsos e paixão, é capaz de nos tornar vitoriosos.

E, voltando a ensaiar: vencida guerra, obtemos a melhor parte, tida como o clímax de todos os planos, o auge dos sonhos, que nada mais é que a conquista do objetivo. A finalidade da luta de nossas esquadrias. Aquele triunfo pelo qual se desdobrou toda a batalha. O motivo pelo qual passamos a ensaiar boa parte de nossas vidas. Ou, melhor definindo - a conquista do coração de alguém que nos faça sentir amados.





sexta-feira, 15 de julho de 2011

Dia do Homem

No décimo quinto dia do mês de julho comemoramos o dia do homem. Pois é, muito embora não soe de forma comum, nós homens possuímos um dia para celebrar. Mas qual o o real significado dessa data?

Segundo seus criadores, o dia Internacional do homem tem a finalidade de rememorar as conquistas da humanidade realizadas pelos homens e também alertá-los sobre problemas de saúde e qualidade de vida. No entanto, não se vislumbra uma finalidade comemorativa.

Por qual motivo então, nós homens não comemoramos este dia? A explicação é extremamente clara, senão óbvia por demais. O dia 15 de julho não merece destaque adequado, pois a natureza dos homens não necessita de homenagens de gênero. Não me refiro às homenagens pessoais e sim àquelas homenagens generalizadas. Não por uma questão machista ou algo relacionado, mas simplesmente porque seríamos ínfimos se comparados ao dia Internacional da mulher.

Outro fato atrelado a isso é que utilizamos dessa data apenas para nos divertir com ela. Algo típico masculino. Piadas diversas, comparações toscas, e uma leve "sacanagem" para celebrar essa data da qual nós mesmos não damos relevante notoriedade. Mas é justamente por este motivo que encaramos essa data como uma sátira. Porque nessa busca de razões para celebrar, é preciso fazer o cotejo com nossas versões femininas. E é neste exato momento que somos desvirtuados a homenagear não mais a nós, mas tão somente às que se distinguem e superam os homens em gênero, número e grau.

Consideraremos uma única razão para homenagear os homens: parte de nós deu origem às mulheres. Ah, esse sim seria o motivo ímpar para celebração constante. Porque de nós, nasceu o ser mais belo da humanidade. Ou seria o mais delicado e forte? Ou quem sabe compreensivo e único? Ou então amável e dócil? Ou seria tudo isso e mais ainda? O fato é que, (sim eu estou me gabando) foi de nós que as mulheres foram criadas. Mas apenas uma parte de nós e somente por uma única vez. Pois até nisso elas foram aperfeiçoadas. A partir daí todos os homens restantes da terra descenderam delas.

Sendo assim, não caberiam homenagens a nós a não ser homenagens por méritos pessoais. No mais, somos ofuscados pelo brilho feminino. Pois o valor delas nos supera e ultrapassa anos luz. Pois não somos capazes de viver um dia sequer sem tê-las, mesmo que em pensamentos. Pois todos os homens necessitam de ao menos duas mulheres para sobreviver. Ou não consideramos mães e esposas nossos maiores tesouros? E por isso nossa relevância é minorada em vista dessa data. Afinal de contas, muitos de nós nem possui conhecimento desse dia. Entretanto, não há um homem no globo terrestre que não celebre o dia 08 de março.

Portanto acabamos por desconsiderar nossas comemorações. E aproveitamos o ensejo para homenagear àquelas que são sem sombra de dúvidas nosso maior e essencial presente. Comecei tentando dedicar preitos a nós, homens. Mas me perdi e me rendo a vocês, mulheres, que são a razão do nosso viver.

Por isso, e pra finalizar... Parabéns mulheres! Parabéns pelo dia internacional do homem!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

E se...

Costumeiramente, sou refém de meus pensamentos de tal forma que me transporto para um mundo do qual não há contato com a realidade à minha volta. Nesse momento, conjecturas de possibilidades se abrem para redefinir meu passado mais presente. Transformando aqui e aculá, desdobrando os "sins" em "nãos" e vice-versa, para que a tônica da minha realidade atual tome travessias totalmente inaugurais.

E em dada ocasião, os caminhos percorridos, desvairados de abstinência e de impulsos refreados pela racionalidade, tornam a encontrar uma única razão para tais atos. Rememorando o que se foi e dando novas formas ao destino, acabo desembocando sempre no que deixa minhas decisões atuais em xeque com um simples questionamento: e se...

E se eu a beijasse quando nos fitamos longamente assim que nos conhecemos? E se eu dissesse que não estava tudo bem em tê-la apenas como amiga? E se em nossas horas de conversas juntos fossem adicionadas indiretas sobre meus sentimentos? E se aquele dia em que me deitei ao seu lado eu não fingisse que não havia atração? E se eu não me importasse tanto com nossas diferenças de mundos? E se quando ela perguntou se eu tinha certeza sobre meus sentimentos eu dissesse a verdade? E se eu tivesse enviado as mensagens de texto que escrevi? E se tivesse entregado as flores que comprei? E se todos que diziam que éramos feitos um para o outro tivessem razão? E se meus olhos tivessem razão? E se eu acreditasse em meu coração? E se eu não negasse que estava completamente apaixonado? Ou pior, e se ela sentisse o mesmo e estivesse apenas esperando meu sinal?

Nesse turbilhão de alternativas, tudo o que resta é a ínfima reposta que nos remonta ao pior dos temores que o ser humano possui. Medo. O temor de não ser correspondido nos afronta de modo a abreviar nossas atitudes. Minoramos a cada refletir as nossas oportunidades para o encontro das almas gêmeas. A racionalização dos sentimentos é o câncer do amor. É a quimera capaz de aniquilar a chama da paixão. A cada análise de oportunidades, consideradas sob a perspectiva do sucesso e do fracasso, somos levados à inércia. O medo nos emudece. Nos faz devolver a flecha do cupido sob alegação de estar defeituosa. A hesitação que segue, a melhor escolha das palavras, o silêncio entorpecente diante da pessoa amada esfacela e torna pueris nossas melhores intenções.


Perdemos batalhas ganhas, por crer no pessimismo. A melhor definição de loucura é aquela em que fazendo exatamente a mesma coisa, desejamos obter resultados diferentes. A verdade é que no amor, não há espaço para a indecisão e tampouco para o receio. O amor é impensado, burla, ludibria e bloqueia a reflexão. Não há motivo para repensar. O amor sai do coração e não perfaz o caminho para o cérebro. E simplesmente porque este não é seu destino. O destino do amor é outro coração. Ao cérebro, guardam-se pensamentos. Aos corações guardam-se amores.

Há um simples e direto ditado utilizados em noites de baladas, mas que não evoca melhor momento para sua ilustração: Não há nada a perder, o não eu já tenho. Vou em busca do sim. Adaptado para o amor, já temos a solidão. Nos resta buscar a felicidade! Perderemos mais refreando nossas atitudes ou tentando conquistar a pessoa amada? As maiores descobertas do mundo foram conquistadas através de tentativas. Assim como os maiores amores.


Caso contrário seremos eternamente prisioneiros de duas simples palavras capazes de desviar nossa vida para caminhos indesejados. Pois a todo tempo detemos a escolha. A decisão está ao nosso alcance. E é essa faculdade de agir positivamente que deve prevalecer perante à hesitação. É preferível o arrependimento pelo ato do que a dúvida pra sempre. Por sorte, ainda temos escolhas a fazer, caminhos a trilhar.

Então corra. Busque. Vá. Tente. Declare-se. Faça. Acredite. Confie. Mande. Beije. Ame.

E se pintar a dúvida, guarde-a para o futuro. Pois é onde elas devem sempre estar. No passado estão as lembranças, no presente estão as atitudes, no futuro, as dúvidas. Mais vale viver com a felicidade pensando como seria sua ausência que refletir sobre o oposto. Portanto, deixe aquele "e se" para as ocasiões em que a vida e a realidade são tão boas que o questionamento surge de forma inversa à do início: - E se eu não fosse tão feliz? E se eu não tivesse buscado por isso?

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Ao nosso redor.

Todos os românticos sonham com o dia em que vão encontrar a pessoa ideal. Acreditamos fielmente que exista no mundo uma pessoa que irá nos completar. E se não encontramos ainda, é porque ambos estão à procura um do outro. Mas e se justamente essa pessoa morar do outro lado do planeta? E se ela conhecer a pessoa errada?
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Sim, nesse caso estaríamos perdidos. Mas o amor não é tão perfeito e exato como imaginamos. Almas gêmeas não vem prontas e destinam-se a se encontrar. Não podemos estabelecer uma fórmula para isso. Justamente porque não existe fórmula para o amor. E não existem pessoas prontas para e acabadas para nós. Da mesma forma que não estamos nem estaríamos perfeitos para encontrar alguém.
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Muito embora eu seja adepto aos contos de fada, terei que os ferir de morte, pois essa ideia nos engessa perante as oportunidades da vida. E sinceramente não acredito que o cupido trabalhe com essa tática. O amor cria alternativas. Não quero esperar porque o amor transcende a espera. É preciso encontrar alguém pra ser companheiro, estar ao lado. Jargões à parte, acredito que uma frase seja a mais falsa denotação da atração humana: "Os opostos se atraem". Puro boato. Nunca conheci um caubói encontrar sua alma gêmea em um show de heavy metal.
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Pode funcionar com imãs, mas com o ser humano? Tsc, tsc. Necessitamos de afinidade para dar sequência à relação. Guardadas as devidas proporções, não há magnetismo na diferença, excetuando-se a dos sexos. O romance acaba por casar as pessoas naquilo que justamente há identidade de gostos. Porque senão haverá mundos diferentes e o amor não sobreviveria. Para que o amor aconteça devem haver encontros. E são nesses encontros que o amor ascende sua magia.
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Olhe em volta, veja exemplos. Alguns dos melhores casais que conhecemos passavam boa parte do tempo juntos antes de se relacionarem. Certamente o amor cresceu de uma amizade, afinidade, companheirismo, de todos esses ou de outros elementos. O amor se cultiva, não se encontra pronto. E também costuma nos pregar peças. Aquela amiga mais próxima, aquela que estudou anos comigo, ou então aquele café diário. Ou até mesmo aquele boa tarde seguido de um lindo sorriso. Quem sabe aqueles bons conselhos? Aqueles milhões de favores que peço e ela sempre me atende. Aquelas ligações e mensagens de texto. São todos sinais do amor, é o cupido atualizando seus recursos.
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O amor não é só paixão ou tampouco atração. Mas não quer dizer que não se manifeste através deles. É preciso o querer se tornar o agir. Mas a permissão para tal sentimentos é dada por um olhar, um toque, um gesto. A a repetição desses atos é quem gera combustível para levarmos o amor em frente.
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Portanto, procure seu amor em seu mundo. Ou próximo dele. Observe atentamente quem te rodeia. Amigos, colegas, conhecidos, desconhecidos que fazem parte do seu mundo. Porque basta o fato dessa pessoa estar no seu mundo para que possamos simplesmente ser o mundo dela.
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Se você encontrou, quão felizardo é você! Se não ainda, reflita, repense, rememore, refaça, reviva. Pois quando se menos espera, podemos ser pegos de surpresa por alguém que sempre esteve ao nosso lado e logo adiante pensaremos: -Como nunca me dei conta disso antes?

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terça-feira, 14 de junho de 2011

Dia 12 de junho

Não sou muito apegado à datas. Confesso que as considero como um precipício comercial. Quanto mais se divulga, mais se consome. Dia das crianças, dia do médico, dia do advogado, dia do estudante. Seja "pendurando" conta ou presenteando alguém, sempre seguimos o curso da mídia onde cada dia que segue, como todo dia é santo, também tem algo para se comemorar.

Longe de mim desfazer-me de comemorações. Aliás como bom boêmio que sou, adepto de confraternizações regadas à uma boa música, boa conversa com ótimas companhias, bato certo e derradeiro ponto em comemorações de calendário, e me divirto como todos meus pares. Mas minha única razão de estar numa festividade é ser amante dela e jamais adequar-me à data da qual se comemora, excetuando-se às primaveras.

De todas as datas que foram criadas, uma acaba por intrigar-me demais quanto ao ser humano. O dia dos namorados. Este dia é ímpar para quem está solteiro. É impressionante como todos se vangloriam de estarem sem ninguém, mas lamentam sua solidão temporária no dia 12 de junho. E se veem em todos os lugares o desdém por este dia. Ofensas ao romance, lamentos alheios e agradecimentos por não estarem com a pessoa amada. Puro teatro. Quando se aproxima o dia, recorrem à agenda e aos "lances" que possuem no intuito de cravar um selo de companhia para a data.

É justamente daí que surge meu desapontamento. As pessoas procuram pares para usá-los no dia dos namorados por conta de uma vaga ilusão de combater a solidão. Mas a solidão não se combate, porque não é inimiga. A solidão disfarça-se de má companhia. Encontramos pessoas que não preencheram nossa vida da forma que sonhamos e acabamos por nos sentir mais vazios no dia seguinte.

Porque só tem como nos relacionarmos nesse dia com pessoas que conhecemos. E se estamos solteiros, implica dizer que exatamente essas pessoas que conhecemos não são o que procurávamos. Guardadas suas proporções, é claro. Todavia, o foco não é a data e sim nosso estado civil.

É preciso que vivamos o amor todos os dias. Pois se existisse apenas um dia para celebrar o romance, de que seriam os outros 364? Se não possuírmos alguém pra dividir estes outros, de que vale apenas um dia? De que vale ter uma companhia para demonstrar que não estamos sozinhos nessa data, quando a pessoa que desejávamos que estivesse conosco não é a que de fato está?

Enfim, como forma de desabafo, utilizei esse post. Porque justamente a pessoa que gostaria de dividir esses dias, não foi uma daquelas que me ligou apenas para dividir um dia. Porque embora eu tenha natureza humana e carência afetiva, preferi ser fiel. Fiel ao meu princípio de relacionar-me. Despido de intenções impregnadas na sociedade. Pois a saudade não fala através do ato de vasculhar agenda. Sendo assim disse não. Ignorei a mensagem de texto. E não respondi ao email. Lamento mas ser objeto não é do meu feitio. E tampouco será.

Fujo de estereótipos. Sou romântico, não massa de manobra. Não busco felicidade naquilo que me dizem. Busco naquilo que acredito. E eu realmente acredito que só vou encontrar a pessoa certa para passar todos os dias dos namorados comigo estando solteiro. Porque afinal de contas, para começar a namorar, é preciso estar solteiro.

Você pode não pensar assim. Ou você pode. Esse pode ser ser você. Ou pode não ser. Mas o fato é que esse sou eu. E é assim que eu penso.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Quantas vezes nos apaixonamos?

Certa vez me peguei pensando quantas vezes havia me apaixonado na vida. Em um esforço mental ímpar acabei falhando no meu recenseamento da paixão. O motivo é óbvio demais. Torna-se tarefa irrealizável mensurá-lo. Tratando-se de paixão não existem números.

Paixão é fogo, intensidade não planejada, que arrebata e nos deixa sem norte. Paixão é simplismente desregrar de sorte. É linha desalinhada, é instinto sem freios, é querer sem rodeios. Paixão é ir de um simples entreveio de bem querer ao enlace eterno em fração de segundos. É aquele clímax que nos define como insanos e ao mesmo tempo denota nossas atitudes mais impensadas. E para apaixonar-se não necessita de anuência da outra parte. Paixão é singular, não pede licença, não depende de autorização, ou tampouco de correspondência. Paixão não é coisa de louco, é a própria loucura travestida de sentimento.

Retomando os pensamentos, seria mais fácil decifrar quantas vezes me apaixono por dia. Aquele bom dia seguido do sorriso capaz de parar o mundo, o simples fato de comprar-me com um café à mesa na sagaz intenção de me usar como leitor e conselheiro de seu infinito particular. Ou não seria aquela mensagem de texto a lhe entregar todo o feitiço dela com um mero "Oi bonito"? Como saberia? Seria a conversa por msn em que me conta os sonhos e planos para o futuro? Impossível dizer, impossível resistir, impossível não querer.

Eu já me apaixonei tantas vezes das quais nem posso enumerar. Eu me apaixonei tão pouco que para a próxima vez mal posso esperar. Eu me apaixono com tal frequência que esqueço de lembrar. São gestos impensados, mas meticulosamente delicados e desenhados à mão de Deus que nos desmontamos e perdemos o chão todo dia de todo mês de cada ano. Fazemos tudo igual, mas não conseguimos deter a paixão. Ela quem comanda. Ou melhor, ela que é instrumento de comando.

O fato é, nós, pueris românticos temos a capacidade de nos apaixonarmos como um fator elevado à potência. Embora nos remonte novamente aos números, não há como não se render à beleza feminina. Não há como não ser apaixonado por àquelas que nos tornam simples reféns de seus poderes. Sim, vocês têm esse poder. Só que nem todas descobriram, para sorte de vocês.

Ou seria para nossa sorte, porque senão eu teria que refazer toda a conta da qual comecei a me perguntar acima.

terça-feira, 3 de maio de 2011

O reencontro virtual

Era novamente mais um dia da incontestável rotina que me dominava. A noite preterida pelo dia para despojar os sonhos, a realidade que remetia a pura obrigação do ócio. De manhã, mal esfregava os olhos, um leve bocejo que se assemelha ao leão ao acordar e já recorria novamente àquele pedaço de metal que nos leva a outros caminhos. Caminhos virtuais.

Como de costume, deixava o bill gates "fazer sua arte" por alguns minutos e me dirigi de olhos cerrados pelo prazer da preguiça inconstante às minhas atividades seguintes do dia.

Pois bem, toda pessoa, por menos metódica que seja possui uma certa ordem quando acessa seus dados virtuais. Minha vida é de semelhança regrada. E foi exatamente ao seguir o último dos passos do dia, após desvencilhar todas as notícias, ver e rever a página de esportes, que me deparei com a beleza das mídias sociais. O reencontro da antiga paixão.

Ah, a primeira reação ao se deparar com o perfil dela é o aumento imensurável da curiosidade. Gravurar a curiosidade é o próximo passo. Em segundos, podemos desvencilhar toda a vida da pessoa em algumas fotos. Antes disso, entreolhamos nossas ilustrações cotidianas na tentativa de tornar nosso perfil o mais atrativo possível, onde qualquer mulher adoraria visualizar.

Em seguida voltamos ao perfil desejado. E é em razão disso que somos transportados a um mundo de nostalgia. Lembramos dos mínimos detalhes, do laço no cabelo, do jeito dela sorrir e nos olhar, daquele vestido que a deixava linda, do melhor beijo e comparamos tudo à imagem que se prostra à nossa tela para que passemos a considerar todas as questões que surgem como um turbilhão de emoções a nos inundar de saudade.

Como bem dizia um escritor que andei lendo no mesmo mundo virtual, "Saudade é imortal. Quando pensa ter batido as botas, volta com mais intensidade. Nem tento mais matar as minhas saudades. Eu as reciclo, as transformo de passado pra presente. São portarretratos que saltam à minha mente".

Mas a busca por respostas aos questionamentos nos levam ao próximo passo. A hesitação toma conta de nós por alguns segundos. E se ela for comprometida? Revolvemos-nos ao estado civil e nada encontramos. E se ela não lembrar de mim? E se ela não me adicionar? Mas a saudade fala mais alto. Sempre falou.

Após adicionar, o recado é inevitável: Quanto tempo, me passa o msn?!? Somos traídos de tal forma por nossos sentidos que o recado assemelha-se a um telegrama, em que palavras são objetos caríssimos e ser direto é o caminho mais vil.

Alguns dias de espera, a burlar nossa rotina virtual, sempre à procura de resposta. A rede social é o interesse príncipe. Antes mesmo do noticiário esportivo, ou do acesso aos emails. E após eterna espera, surge a resposta. Sem dar importância ao resto do texto, os olhos direcionam-se somente a uma palavra. Palavra esta constante do símbolo da nossa dependência cibernética. Focamos nossa retina apenas no fulana@etc.com. Ela é nossa passagem para uma símbiose se sentimentos recíprocos, desenterrados pelos momentos de carinho vividos. Ou não.

Tudo agora é uma incógnita, uma mescla de passado e presente. Ou planejaríamos o futuro? Isso é real? Nesse mundo virtual, é impossível dizer...






Trecho creditado ao escritor Brunno Leal: http://lealbrunno.blogspot.com/

quinta-feira, 28 de abril de 2011

O que realmente nos leva a sonhar






Quarta feira a noite. Qualquer macho alfa estaria a torcer por seu time de coração em uma majestosa tv de plasma, a segurar seu controle remoto como cajado que figura o reinado masculino. Entrelaçado a algumas garrafas de cerveja e sua concentração atada aos comentários televisivos. É a denotação típica dos adões atuais, ou parte deles, se relacionarmos às paixões coloquiais.

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Entretanto, um leve desvaneio o conduz para um território em que não figura a relva demarcada com cal e a circunferência da qual os gladiadores desejam possuir n'aquele esporte. Sim, a fagulha do pensamento o transporta para outra dimensão, onde a óptica da realidade é pueril e facilmente esquecida.

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O motivo não poderia ser outro. Se existem coisas em que conduzem a cabeça do homem às remotas galáxias são elas: o futebol e as estrelas da vida, conhecidas simplesmente como mulheres, mas necessariamente em ordem invertida. Como um turbilhão de idéias, escravos dos sentidos, idealizamos o nosso modelo perfeito.

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Uma cartada romântica, típica sedução. Troca de olhares, fascínio ao sorrir. A simples mensagem de texto que leva-nos a rumar a outros caminhos. Àqueles em que tratamos de encarar o silogismo de vida ideal. A amada em caráter perpétuo, consagrada para seu mais puro ato de paixão. Simbolizada por uma aliança, conseguimos vislumbrar sua entrada no altar, para dar início à etapa da felicidade da qual poucas pessoas acreditam existir no momento em que se trocar de par preterindo encontrar realmente a razão da união celebrada.

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Sim, também pensamos em casamento. Com todas as adaptações é claro. Mas o mesmo romantismo. A mesma paixão. Desejo impecável. Ternura que deslumbra e projeto que se vislumbra. Sonhos de retina escancarada.

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Nossa capacidade de imaginar com proximidade realista alada aos planos de outrora esquecidos. Esquecidos por decepções, ou simplesmente por desuso. Mas o resquício da flecha nos remonta novamente à linhagem dos antepassados. Aos quais devemos toda nossa gratidão pelo desejo de unir-se àquelas que tornam nosso mundo mais colorido.

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E quando já nos encontramos no ápice da jornada, eis que surge um grito daquela caixa de cores que trai nossos pensamentos e devolve-nos num piscar de olhos à nossa virilidade. O som do gooool esvairece os projetos amorosos e nos reestabelecemos novamente para comentar ao lance com propriedade ímpar no ramo esportivo.

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E daí que o gol atrapalhou nossos sonhos? Temos toda a noite para regressar ao verdadeiro campo em que sabemos da certeza do título ao qual vinte e dois homens, pois contamos com o juiz, desejam conquistar. O coração daquela que realmente ilustra nosso pensamentos...